sábado, 28 de dezembro de 2013

Manifesto anarquista: Por uma primavera tupiniquim

Mais um ano se encerra. Um ano turbulento em que vimos nosso governo flertar de maneira irresponsável com a inflação, bichinho bizarro que, durante duas décadas, foi o pior inimigo do país, destruindo, destroçando o poder de compra do trabalhador e fazendo a fortuna dos banqueiros que, através do overnight, criavam dinheiro por geração espontânea.

Também foi um ano em que tivemos uma das maiores mostras que a sociedade Brasileira mudou e que não aceitaremos mais, de forma passiva, os mandos e desmandos de uma classe dominante alijada dos interesses dos cidadãos brasileiros, detentores do poder real e que sustentam o estado. Manifestações diversas varreram o país, de sol a sol, do Arroio ao Chuí, a maioria pedindo um basta na forma corrupta e suja que esse país funciona.

Ninguém aguenta mais trabalhar 6 meses por ano para pagar impostos que somem e não são utilizados para nada que importa, leia-se direitos básicos de qualquer ser humano na terra, como acesso a saneamento básico, água potável, educação, saúde e um lugar para morar.

Quem reclamaria de pagar os impostos pornográficos que pagamos, se soubéssemos que este dinheiro seria destinado ao progresso do Brasil? Todos ganharíamos com um país mais culto, desenvolvido e justo.

Mas o fato é que, desde a colonização, este país é composto de feudos, capitanias hereditárias, rincões dominados por elites que não conhecem o básico de Machiavel, sem um povo minimamente satisfeito, a tendência é termos uma onda de revoltas populares que terminarão, indubitavelmente, com a "morte" e substituição dessas elites.

Muitos políticos "cegos" pelo imediatismo não conseguem enxergar essa mudança, esse novo Brasil que mostrou sua cara nas passeatas de julho. Muitos deles, dado o fato que, há alguns meses temos um clima relativamente pacífico, pensam que, como no passado, tudo não passou de um breve sonho de uma noite verão.

Ledo engano. Basta um mínimo de inteligência para perceber que esse país mudou, deu um salto. Não que tenhamos obtido vitórias e mudanças assombrosas na forma como esse país é gerido mas, o fato é que, o povo não aceitará passivamente desmandos e impropérios.

Me parece muito claro que, se o país continuar neste rumo incerto, egoísta e alijado da vontade de seu povo, "nossas" elites arriscam criar uma primavera tupiniquim, com revoltas populares cada vez maiores e cada vez mais violentas.

Foi assim em Roma, foi assim no Egito, foi assim na Europa, foi assim na Rússia, foi assim na China. Sempre que a corda foi esticada acima de um certo limite, tivemos algo maior que passeatas, maior que faixas estendidas pela rua... Como a história mostra, vimos a erupção de sangrentas e violentas revoluções. O poder é do povo e não dos governantes que, no fundo, não passam de representantes deste povo. Se não os "representarem" de maneira digna, serão substituídos, legalmente ou a força.

Por muitas décadas nossos políticos e demais membros da elite se acostumaram com o mito do bom selvagem, definido por Jean Jacques Rosseau como cidadãos passivos que, em troca de pão, espelhos e circo, aceitariam sem reclamar, mandos, desmandos e tal e cousa e lousa e maripousa.

Afinal, somos para eles, um bando de analfabetos, iletrados, perdidos buscando o sustento de cada dia. Quem vive na pobreza não tem tempo de protestar, pensam eles de forma pejorativa, errada e perigosa.

O Brasil mudou. 

Só não vê quem não tem olhos ou não quer ver.

O país vive um estado turbulento como nunca vivemos na história. Somos hoje um barril de pólvora esperando a faísca que começara uma sequência de explosões sem volta.

O momento atual se assemelha ao que passava a França pré revolucionária em que muitos tinham tudo, poucos tinham nada e o povo era achincalhado diariamente por governantes distantes e alheios as necessidades do povo. Todos terminaram, literalmente, sem cabeças.

É condição sine qua non, para a sobrevivência deste país como nação soberana e unida, que surjam lideranças com a visão de futuro e entendimento do presente que levem em conta essa situação limítrofe e perigosa. Não é isso que temos em nenhum dos dois partidos dominantes na esfera política nacional.

Se nada mudar, se nosso governo, em todas as esferas do poder, continuar como um circo mambembe de cartas marcadas, completamente distante da realidade de seus cidadãos, despejando arrogância e prepotência, é questão de tempo para que o Brasil servil mostre sua verdadeira cara.

Se eu fosse um político, estaria neste momento ou estudando como fazer um trabalho sério ou de malas prontas para Paris.

O ano que começa será a solidificação de um processo sem volta, da transferência do poder, ou grande parte dele, de volta para a população. Isso acontecerá de forma pacífica ou a fórceps.

Cabe a quem de direito escolher.

Um feliz 2014 à todos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário