quinta-feira, 27 de junho de 2013

O poder das metáforas

Tenho a grande sorte de ter amigos verdadeiros. Homens e mulheres que, como todos nós, vivem suas vidas, batalham no dia a dia mas, quando precisamos, estão ali para ajudar, apoiar em projetos, ou simplesmente conversar.

Escrevo hoje, especificamente, pois ontem tive uma dessas conversas com um de meus grandes parceiros, amigo das antigas, cara inteligente, batalhador, que tem uma família linda, com quatro Marias, como dizemos, que, durante meus tempos de faculdade de Direito, conviveu diariamente comigo e, sempre me chamou a atenção por uma qualidade única que aqui transcrevo:

O poder da utilização das metáforas.

Esse meu amigo não é de falar muito. Ele escuta à tudo e a todos, analisa as situações, todas as opiniões e, raramente emite a sua sobre um tema pessoal, a não ser quando instigado.

Corre a muito tempo atrás de seu sonho de trabalhar com futebol, ao qual não pode se dedicar 100% ainda, pelas necessidades da vida, mas depois de muita luta, conseguiu seu espaço na mídia e, tenho certeza, vai longe.

É um cara cativante, carismático, muito engraçado e que tenho muito orgulho de ter como amigo.

Isto posto, vamos ao tema do post.

Falando com ele sobre algumas situações que atravesso no momento, conversa essa que não passou de cinco minutos, pois meu amigo tem várias responsabilidades com sua família e trabalho, mais uma vez, ficou provada a força do uso das palavras.

Mais que isso, a força das metáforas.

Ele é um mestre em utilizá-las na hora e da forma correta. Para o interlocutor, uma metáfora bem colocada, vale mais que quarenta minutos de bate papo, a leitura de um livro ou quatro horas pensando.

A metáfora surgiu nas cavernas, como forma de transmitir, de maneira extremamente simples, conceitos complexos, de geração em geração, de maneira a tornar fácil a memorização e, mesmo a transmissão das mesmas de pai pra filho.

A capacidade de abstração simbólica é uma das funções neuronais que mais impressiona nosso cérebro e nossa memória. Não por outro motivo, várias propagandas se utilizam de metáforas.

A metáfora não só sobreviveu ao tempo, mas também a seleção natural. Além de ter evoluído com ela.

E chegou a perfeição nas palavras de alguns escritores e indivíduos como este meu amigo.

Dele aprendi ontem 3 coisas:

Que falar menos, as vezes é falar mais;
Que devemos viver mais o presente, afinal no longo prazo, estaremos todos mortos -como diria John Maynard Keynes;
E que a ajuda dos amigos, as vezes se dá por pequenas grandes palavras...

terça-feira, 25 de junho de 2013

Não questione as motivações dos protestos! Pergunte o que você pode fazer para melhor direcioná-los!

É engraçado ver pessoas que nunca tinham opinião sobre nada, nunca se interessaram por bons livros, conversas mais profundas, cursos paralelos, viagens à lugares fora do eixo Disney-Cancún, fugiam de temas mais filosóficos, resumindo, não queriam saber de coisas que incomodassem... que fossem diferentes do conhecimento padrão que ensinaram nas escolas e faculdades que frequentaram, pelo contrário aliás! Adoravam tachar qualquer um que ousasse aprender ou opinar sobre esse assuntos de loucos, de extremistas em busca de atenção, entre outros adjetivos que colecionei durante a vida, simplesmente por me preocupar demais, por ler demais, por querer saber sempre mais e por ter coragem de me posicionar.

De repente apareceu uma geração de meninos bem intencionados, que resolveu se posicionar também... mas nas ruas!
Com isso, vejo essas mesmas pessoas que passaram suas vidas usando seus pequenos cérebros para guardar marcas de cerveja, decorar campeonatos de futebol, palavras como swell, raole, kao, long john entre outras, e lembrar quem figurou na capa da playboy em 2005 se tornando verdadeiros especialistas em economia, doutores em política interna e externa brasileira, além de “grandes conhecedores de mercado financeiro”.

Óbvio que repetem lugares comuns. Não se aprende o que se necessita quase uma vida, em 10 dias. Mas já é um começo. Se esses garotos nas ruas e seus protestos servirem para acordar uma geração perdida, já será uma grande vitória.

Agora um aviso: Quem pensa que eles estão ai para tirar Dilma, para reforma política, para travar PEC 37 ou outro detalhe desse naipe, pense além. O que esta realmente acontecendo é algo muito, mas muito maior, que só teremos a real dimensão em uns 10, 20 anos.

Essas passeatas, esses protestos estão aí para mudar o país. Nós estamos reescrevendo a história do Brasil. Todos os países desenvolvidos passaram por um período de transição mais ou menos sangrento, para diminuir as desigualdades sociais, achar um peso adequado para o estado, encontrar uma forma de controlar a corrupção endêmica, melhorar o nível dos serviços públicos e o da legislação vigente, deixando assim, suas empresas mais competitivas internacionalmente. Esta transição foi as vezes dolorosa. Quase sempre com o povo nas ruas.

Estamos vivenciando este processo. É isso que essa meninada começou...

Cabe a nós, todos brasileiros vivos nesta época, conduzi-lo da forma mais tranquila e democrática possível.

Disso, depende o futuro deste grande país. Seremos julgados pela história pelo que fizermos nas próximas décadas, então, vamos trabalhar porque agora, finalmente, temos uma chance real de mudar.

sábado, 22 de junho de 2013

Neymar e Fred irão entrar para a história do Futebol

Não tem nada mais bonito no futebol, nada que nao renove mais o interesse pelo esporte, que nao faça ficar vendo e revendo 30, 40 , 50 vezes os lances do jogo, pelo menos para mim, que um gol de centro avante 9, como foi a pintura de primeiro gol que fez Fred no jogo do Brasil contra a Italia em Salvador hoje, com aquela jogada clássica de camisa 9, aquela que só quem tem habilidade de delantero, de matar no peito, girar, por na frente, aguentar o tranco, equilibrar na manga e no corpo do zagueiro e meter a paulada antes que chegue o segundo tranco, só quem tudo isso faz.

Renovei minha esperança com o futebol brasileiro e vi um gol de 9 como há muito não via. Essa dupla Neymar-Fred vai escrever historia.


sexta-feira, 21 de junho de 2013

Eram os Deuses Astronautas? Neymar é!

Em 1968, o suíço Erick Von Däniken, escreveu o livro "Eram os Deuses Astronautas?", em que sugeria que as antigas civilizações humanas tinham sido criadas através de alienígenas que haviam visitado a terra em tempos idos e deixado aqui colônias que povoaram o planeta ao longo do tempo.

Apresentava como prova de sua teoria algumas conexões entre as pirâmides de gizá, os moais da Ilha de Páscoa, as linhas geométricas que ligam as estradas de Nazca, O Vale de Huatanay ou Vale Sagrado dos Incas no Peru, entre outros mistérios arquitetônicos do mundo antigo.

Vendo Neymar jogar, não vejo outra explicação além de dizer que realmente este senhor suíço tem razão, pelo menos em relação ao garoto da baixada.

Neymar é um extraterrestre.

Ele veio de outro planeta.

Ele não é da terra.

As jogadas que ele faz o credenciam a ser, em muito pouco tempo, o melhor jogador que a história do beautiful game, já viu desde que Charles Muller o inventou no século XIX.

Eu acompanho o esporte desde que comecei a engatinhar e a gravar imagens em meu cérebro.

Não me lembro de ter visto nada igual a este rapaz de drible fácil, chutes teleguiados e com os dois pés, controle de bola desconcertante e uma facilidade de passar pelos adversários de fazer inveja a Garrincha.

Não acho que verei nada parecido a ele.

Se você, como eu, ama o futebol, dê-se por feliz por ter a sorte de ser da geração que verá ao vivo os espetáculos que esse garoto proporcionará ao mundo. Assim como nossos avós acompanharam Pelé.

Você acompanhará Neymar.

E isso marcará a sua vida para sempre.

Quem viver verá.

E quem sabe, por meio do futebol, Neymar, o garoto humilde da baixada Santista, conseguirá provar que aquele Senhor Suíço, ainda vivo, nascido em Zofingen, amante de futebol, como todos os suíços, estava certo. Somos todos descendentes de astronautas...

terça-feira, 18 de junho de 2013

Verás que um filho teu não foge a luta!

Ontem tive orgulho de ser brasileiro. Pelos motivos corretos, não por um título de futebol, ou por outras patriotadas populistas, mas por sermos uma nação democrática formada por um povo que descobriu o poder das ruas, o poder das mobilizações. Como eu disse, esse movimento vai muito além desses 0,20 centavos de aumento no transporte público. Ele demonstra a indignação com os desmandos, com a corrupção que corre solta nos corredores dos políticos que riem da nossa cara, com os pastores radicais que colocam para tomar conta das comissões dos direitos humanos, com os julgamentos de mensaleiros que não dão em nada, com a inflação galopante que ameaça voltar e transformar de novo, nossa vida em um inferno, com o sistema de ensino público e de saúde sofríveis, com o sistema de transporte vergonhoso...

Quem sabe, ao demonstrarmos nossa indignação tomando as ruas, a classe política se lembre quem é que verdadeiramente detém o poder em uma democracia?

Nós somos o Brasil e o Brasil é nosso. Ontem, mais do que nunca, mostramos a força das ruas.

Foi lindo de ver, e tenho certeza que, mais uma vez em um momento dificilimo da história, o povo e não os políticos, assumirá as rédeas da nação, como fez com o movimento diretas já e com os cara-pintadas, e mudará este país, colocando-o de volta nos trilhos e levando-o para o destino grandioso que merece. Parabéns Brasil.





segunda-feira, 17 de junho de 2013

Avanti o popolo!

Essa "molecada" não tem nem idéia do que esta fazendo na rua, não passa de massa de manobra de esquerdista radical e baderneiro, vão pra rua só pra beber, fumar maconha e paquerar, estão pleiteando coisas banais, só servem pra travar o trânsito e quebrar a cidade, não sabem o que querem... tenho a impressão que já ouvi isso antes. Tenho a impressão não. Já ouvi isso antes. Mais precisamente, ouvi isso em 1992 quando eu e milhares de outros "moleques" saímos as ruas em todas as cidades do país em um momento impar, na história do Brasil e conseguimos o que não tinhamos a menor pretensão de conseguir e só movimentos populares de larga escala alcançam, que foi afastar do poder, de forma democrática, um presidente corrupto, Fernando Collor de Mello, através de um impeachment, em um movimento bola de neve, que conduziu seu vice, Itamar Franco a presidência, consequentemente, seu ministro da economia Fernando Henrique Cardoso, que implantou o Plano Real e, finalmente, após vários planos economicos anteriores que foram fracassos retumbantes, acabou com o fantasma da inflação, que quase quebrou o país na década de 80 e começo da de 90.

Pode-se dizer que aquela geração de meninos que saiu as ruas foi responsável, sem ter muitas expectativas mas com muita energia e muita vontade de mudar alguma coisa, efetivamente chacoalhou as estruturas do poder e mudou o país para melhor. Nós, minha geração, contribuiu, com aquele gesto, com aquela pequena mas efetiva participação cívica para colocar nosso país nos rumos.

É muita pretensão hoje, 20 anos depois querer ignorar o apelo desta juventude, querer julgá-la, querer dizer que seus desejos são pequenos, reprimí-los, bater palmas para o que a polícia vem fazendo! Tentar  fazer com ela o que tentaram fazer conosco. Não temos esse direito!

Não sabemos o que esse movimento irá desencadear. Nossas passeatas, que começaram pequenas, tiraram um presidente, terminaram com a inflação e mudaram a história. O que será que essa conseguirá?

É por isso meus amigos, que hoje, mais uma vez, como há duas décadas, estarei de novo nas ruas, apoiando os jovens, apoiando meu país, apoiando as mudanças...

sábado, 15 de junho de 2013

Contra a PEC 37!

Acho a PEC 37 um estupro ao Brasil. Me lembra uma metáfora antiga de raposas querendo tomar conta do galinheiro sem fazendeiros, cães de guarda, luzes ou alarmes.

Meu cunhado é procurador federal e concordo em gênero número e grau com a mensagem dele sobre o assunto, que tomo a liberdade de aqui reproduzir. Leiam abaixo e tirem suas conclusões...

Normalmente, não costumo enviar emails desse tipo. Mas, nesse caso, não posso deixar de fazer. Dia 26/06/2013 será votada uma proposta de mudança na Constituição que impedirá o Ministério Público de investigar. Muitos políticos foram e estão sendo investigados por corrupção e desvio de verbas públicas, e há um movimento de revanchismo no Congresso para impedir novas investigações. É um retrocesso enorme. Uma das poucas coisas que nos dava alguma esperança de haver uma mudança no quadro generalizado de corrupção em nosso País está para terminar.
Um jeito de reagirmos, embora simples, é assinar abaixo-assinados como o abaixo. Acredito que movimentos assim possam fazer diferença. Não leva mais que um minuto.
Abraços.

Change.org

LUIS EDUARDO -

A grande batalha contra a impunidade já tem data: 26 de junho. E o que é pior, há fortes rumores no Congresso Nacional de que as chances da PEC 37 ser aprovada são grandes!

Apesar do abaixo-assinado do Ministério Público já ter mais de 270.000 assinaturas, muitos deputados ainda estão indecisos ou são favoráveis à PEC da Impunidade.

As próximas semanas são críticas para influenciar os deputados que estão em cima do muro! Vamos recrutar mais assinaturas e mais pessoas determinadas a barrar esta proposta. Compartilhe esta imagem no Facebook (se você não tem Facebook, encaminhe este email).

Na última atualização sobre a PEC 37, convocamos as pessoas a iniciarem abaixo-assinados individuais para pressionar seus deputados. O resultado foi surpreendente: quase 5000 petições foram criadas, dirigidas a praticamente todos os 513 deputados federais.

Nestes momentos finais, antes da votação, a pressão local de eleitores para deputados dos seus estados é fundamental para mostrar a eles que há um enorme prejuízo político em defender a PEC 37. Cada abaixo-assinado que você assina, envia uma mensagem diretamente para o email do(a) deputado(a) que você está pressionando.

Agora é hora de encher as caixas de entrada deles! Selecione abaixo a página do seu estado para buscar o deputado que você ajudou a eleger:

Deputados da Bahia - www.change.org/pec37ba
Deputados de Minas Gerais - www.change.org/pec37mg
Deputados de Pernambuco - www.change.org/pec37pe
Deputados do Paraná - www.change.org/pec37pr
Deputados do Rio de Janeiro - www.change.org/pec37-rj
Deputados do Rio Grande do Sul - www.change.org/pec37rs
Deputados de Santa Catarina - www.change.org/pec37sc
Deputados de São Paulo - www.change.org/pec37sp

Deputados do Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Sergipe e Tocantins: www.change.org/naopec37

Nos próximos dias enviaremos mais atualizações sobre o andamento da PEC 37 na Câmara dos Deputados. Contamos com todos vocês para barrarmos esta grande ameaça à luta contra a corrupção!

Juntos contra PEC 37!



sexta-feira, 14 de junho de 2013

Ouçam o recado da juventude!


Esse é mais um texto que já aviso que será polêmico. Primeiro porque, quem me conhece sabe que sou anarquista, graças a Deus. Não acredito na necessidade de governos nem de leis, muito menos de forças policiais fazendo valer a legislação. Tenho isso muito forte em meu cerne desde pequeno. Acho que, para tanto, basta que todos os seres humanos recebam educação suficiente para entender que a cooperação natural da "teoria dos jogos" de Nash traz resultados melhores à longo prazo que agir de forma individualista. Infelizmente reconheço ser isso, hoje em dia pelo menos, uma utopia.

Isso posto, vivemos em uma democracia. Em uma democracia, os indivíduos tem o direito a protestar sobre qualquer tema que achem relevante. E quem sou eu para ditar o que outrem pode considerar relevante, certo?

Se um grupo de pessoas considera importante protestar contra a revista Veja, está em seu pleno direito (por mais que eu não concorde, faz parte da democracia).

Se consideramos importante protestar contra a explosão  de uma bomba atômica no atol de Moruroa pela frança nos acorrentando na frente do consulado francês (eu estava nesse protesto com os ativistas do greenpeace), qual o problema? faz parte da democracia.

Se resolvemos, em 1992, pintar a cara de preto e sair as ruas exigindo a renúncia de um presidente corrupto (eu também estava nessa passeata, muito embora, por ser moleque, estava mais para paquerar, admito), estavamos somente exercendo nossos direitos básicos fundamentais como cidadãos e, quase sem querer, mudamos a história desse país.

E o que aconteceu esta semana em São Paulo? Reclamamos (ou eu e minha geração reclamamos faz tempo) que essa molecada é alienada, não quer saber de nada com nada, é apolítica, insossa, inodora, insípida e incolor. Pois bem... ela se fez ouvir.

Independente de concordarmos ou não com os motivos e a forma (em termos racionais, eu preferia que eles tivessem ido protestar por um plano diretor macro de transporte para a cidade de São Paulo, visto que a cidade está parando, precisamos de metrôs, trens e corredores de onibus urgentemente e não serão 0,20 centavos a mais ou a menos na tarifa que salvarão a lavoura mas isso é outra história) o fato é que essa geração saiu as ruas e se fez ouvir. Saiu de sua letargia, foi as ruas e protestou.

Da mesma forma que a minha pintou a cara de preto. Dizem que foram massa de manobra de PSTUs e PSOLs. Mas quem não lembra dos Lindembergs Farias da vida tocando as passeatas contra o Collor? E você acha que alguem ligava pra ele? A gente queria era tirar o Collor! Assim como esses meninos e meninas que vão para a paulista, querem é revolucionar, participar de algo maior, demonstrar sua insatisfação! Querem mudar o mundo!

Temos que dar ouvidos a essa geração assim como, em minha época, deram ouvidos a nossa. Isso é o mínimo que todos nós, que saímos as ruas em 1992 e em outros momentos da história do Brasil, devemos a esses meninos e meninas, que finalmente resolveram se mexer, e podem ser o motor que esse país precisa para crescer.

Um outro ponto que merece destaque é a truculência policial. O que é isso? 105 pessoas feridas? Balas de borracha? Jornalistas tomando tiros? Estudantes ameaçados de morte e de serem jogados no Tietê?

Será que conseguiram que PT e PSDB finalmente se unissem? Será que a violência contra os jovens, contra as crianças (que diga-se de passagem também cometeram seus exageros, mas que poderiam ser contidos de outras formas, fossem nossas forças policiais melhor instruidas) foi o catalisador, o denominador comum que finalmente juntou as maiores forças políticas opositoras deste país em um mesmo bloco repressor?

O sangue que vimos jorrando pela noite paulistana parece dizer que sim.

Infelizmente.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Hay dias que no se lo que me pasa...

Eu abro meu Neruda e apago o Sol. Misturo poesia com cachaça e acabo discutindo futebol.

Mas não tem nada não. Tenho meu violão.

Quem nunca se sentiu assim?

Acho que todo mundo tem seus dias cinzas. Suas noites mais escuras, apertadas.

Nessas horas, vale lembrar que tudo passa nessa vida, que a estrada, por mais tortuosa que seja, por mais longa que seja, sempre chega a algum lugar.

Que a chuva sempre termina em algum momento e o arco-irís aparece no fim.

E enquanto isso não ocorre, ocupe sua cabeça, toque seu violão, procure seus amigos, escute uma piada, brinque com seu cachorro, estude o comportamento errático das formigas carnívoras amazônicas.

Faça aquela reunião que você estava adiando há tempos. Trabalhe! Escreva...

Enfim, ocupe seu tempo de maneira produtiva.

O frio é sempre frio, e não há dúvidas que machuca na carne, mas ele costuma ser proporcional ao cobertor de cada um.

Além disso, não importa o que aconteça conosco hoje,

Amanhã há de ser outro dia...

quinta-feira, 6 de junho de 2013

A Vila Mariana

Para quem não conhece, a Vila Mariana é um simpático bairro de classe Média, da Zona Sul de São Paulo.

Costumo dizer que a Vila Mariana (ou VM, para quem cresceu por lá) é o centro do mundo. Exageros de quem ama o bairro a parte, pode-se dizer que tudo passa pela Vila Mariana.

Perto de todas as grandes vias de circulação de São Paulo ou com fácil acesso as mesmas, como a 23 de Maio, Paulista,  Brasil, Marginais, Radial, Juscelino, Faria Lima, Santo Amaro, Rebouças, 9 de Julho, além de várias estações de Metrô, arborização ímpar (estrategicamente situada ao lado do Parque do Ibirapuera), ótimas faculdades, boas escolas, hospitais, um comércio pujante, bares, restaurantes e pizzarias,  a Vila Mariana é, sem sombra de dúvida, um bairro privilegiado.

Ali fiz várias amizades que perduram até hoje, joguei minhas primeiras partidas de bola, tive minha primeira namorada, sai a noite pela primeira vez (quem não se lembra das saudosas noites de sábado na Shampoo?), fui a escola (estudei no Liceu Pasteur, colégio francês, situado próximo ao metrô Vergueiro), aprendi as "regras e a lei da rua" (na VM, quando se é criança ou adolescente, ou você se posiciona ou te posicionam :) ) e fui muito feliz.

O Bairro possui uma renda média de R$4mil, 3,5 vezes a renda média da capital, quase 80% de seus moradores completaram o ensino médio (um dos maiores índices do Brasil) e o analfabetismo foi erradicado da região.

Fundada em 1782, como uma sub-região da Saúde, a Vila Mariana cresceu e continua se expandindo a olhos vistos. Alguns pontos nobres, ao lado do Parque Ibirapuera, possuem o metro quadrado mais caro da cidade.

Mas mais do que tudo isso, a Vila Mariana tem alma própria.

Essa identidade única contagia quem é de lá ou vive lá. Existem certas referências, lugares do bairro que só quem é dali conhece, verdadeiras pérolas escondidas nesta selva de pedra.

Quem é de lá se orgulha de ser de lá. Não acha que a Vila Mariana é melhor ou pior que nenhum outro lugar, mas sabe pertencer a uma comunidade diferente, especial.

Sinto muita saudade da minha infância na VM, de percorrer suas ruas com meus amigos, para jogar um futebol com os meninos do prédio da rua de baixo. Saudades da pizza Calzone que minha mãe pediu, religiosamente, todos os domingos durante anos, em uma mesma pizzaria de minha rua. Saudade das cores, dos sons, do cheiro da Vila Mariana, que me fazem lembrar de um mundo mais simples e mais gostoso.

Sinto, principalmente, saudade dos amigos que fiz por lá, por mais que tentemos manter contato, as idiosincrasias e atribulações da vida, nos levam por caminhos distintos.

Esses amigos e esse lugar me receberam em São Paulo, quando aqui cheguei, vindo do Rio de Janeiro. Na Vila Mariana, fui criança, atravessei a adolescência e aprendi a ser homem.

Hoje vivo em outra parte da cidade, tenho uma vida diferente, fiz outros amigos, de fora do bairro, me sobrando muito pouco tempo para voltar lá. Muito menos que gostaria...

Mas a Vila Mariana me acolheu de braços abertos e me proporcionou uma vida repleta de momentos inesquecíveis e, por tudo isso, viverá para sempre no meu coração.