sexta-feira, 14 de junho de 2013

Ouçam o recado da juventude!


Esse é mais um texto que já aviso que será polêmico. Primeiro porque, quem me conhece sabe que sou anarquista, graças a Deus. Não acredito na necessidade de governos nem de leis, muito menos de forças policiais fazendo valer a legislação. Tenho isso muito forte em meu cerne desde pequeno. Acho que, para tanto, basta que todos os seres humanos recebam educação suficiente para entender que a cooperação natural da "teoria dos jogos" de Nash traz resultados melhores à longo prazo que agir de forma individualista. Infelizmente reconheço ser isso, hoje em dia pelo menos, uma utopia.

Isso posto, vivemos em uma democracia. Em uma democracia, os indivíduos tem o direito a protestar sobre qualquer tema que achem relevante. E quem sou eu para ditar o que outrem pode considerar relevante, certo?

Se um grupo de pessoas considera importante protestar contra a revista Veja, está em seu pleno direito (por mais que eu não concorde, faz parte da democracia).

Se consideramos importante protestar contra a explosão  de uma bomba atômica no atol de Moruroa pela frança nos acorrentando na frente do consulado francês (eu estava nesse protesto com os ativistas do greenpeace), qual o problema? faz parte da democracia.

Se resolvemos, em 1992, pintar a cara de preto e sair as ruas exigindo a renúncia de um presidente corrupto (eu também estava nessa passeata, muito embora, por ser moleque, estava mais para paquerar, admito), estavamos somente exercendo nossos direitos básicos fundamentais como cidadãos e, quase sem querer, mudamos a história desse país.

E o que aconteceu esta semana em São Paulo? Reclamamos (ou eu e minha geração reclamamos faz tempo) que essa molecada é alienada, não quer saber de nada com nada, é apolítica, insossa, inodora, insípida e incolor. Pois bem... ela se fez ouvir.

Independente de concordarmos ou não com os motivos e a forma (em termos racionais, eu preferia que eles tivessem ido protestar por um plano diretor macro de transporte para a cidade de São Paulo, visto que a cidade está parando, precisamos de metrôs, trens e corredores de onibus urgentemente e não serão 0,20 centavos a mais ou a menos na tarifa que salvarão a lavoura mas isso é outra história) o fato é que essa geração saiu as ruas e se fez ouvir. Saiu de sua letargia, foi as ruas e protestou.

Da mesma forma que a minha pintou a cara de preto. Dizem que foram massa de manobra de PSTUs e PSOLs. Mas quem não lembra dos Lindembergs Farias da vida tocando as passeatas contra o Collor? E você acha que alguem ligava pra ele? A gente queria era tirar o Collor! Assim como esses meninos e meninas que vão para a paulista, querem é revolucionar, participar de algo maior, demonstrar sua insatisfação! Querem mudar o mundo!

Temos que dar ouvidos a essa geração assim como, em minha época, deram ouvidos a nossa. Isso é o mínimo que todos nós, que saímos as ruas em 1992 e em outros momentos da história do Brasil, devemos a esses meninos e meninas, que finalmente resolveram se mexer, e podem ser o motor que esse país precisa para crescer.

Um outro ponto que merece destaque é a truculência policial. O que é isso? 105 pessoas feridas? Balas de borracha? Jornalistas tomando tiros? Estudantes ameaçados de morte e de serem jogados no Tietê?

Será que conseguiram que PT e PSDB finalmente se unissem? Será que a violência contra os jovens, contra as crianças (que diga-se de passagem também cometeram seus exageros, mas que poderiam ser contidos de outras formas, fossem nossas forças policiais melhor instruidas) foi o catalisador, o denominador comum que finalmente juntou as maiores forças políticas opositoras deste país em um mesmo bloco repressor?

O sangue que vimos jorrando pela noite paulistana parece dizer que sim.

Infelizmente.

2 comentários:

  1. Concordo com o que voce disse no ultimo paragrafo, infelizmente.

    Gostaria muito de acreditar que fosse um wake up call para as pessimas condicoes de vida que o Brasil oferece a seus cidadaos, mas acho dificil. Incrivel um pais tao rico quanto o Brasil, que se paga tanto imposto, mas que nao oferece quase nada em troca.

    Educacao, infraestrutura parece nao importar, o que importa eh estadio de futebol na Amazonia, no Pantanal.

    E quando vamos ler as suas cornetadas again, hein, moleque insuportavel?

    Dick V.

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    1. Oi Dick, é por ai. Pagamos pagamos pagamos e recebemos niente. Quanto ao Palmeiras, só volto a escrever lá quanto contratarmos um 9! Abraço!

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