domingo, 14 de julho de 2013

A parede alta

Era uma vez uma parede alta, suja, escura e fria.
Feita de tijolos de pedra, dor, egoísmo e soberba.

Para proteger da luz do mundo, que cega os olhos do cego.
E dos tsunamis da vida, que afogam aqueles que não aprendem a nadar.

Misturando cigarros e álcool, ao invés de cimento e argamassa,
Alinhada com medos, e não na vertical, era uma parede alta, de inabalável estrutura.

Construída para barrar a entrada do amor que, tal qual o arame farpado,
Fura a carne e rasga a alma, daqueles que não sabem acolhê-lo.

Atrás dessa parede alta, feita de luxúria, lágrimas e sangue,
Se escondia um enorme e tranquilo jardim. Cheio de vida, repleto de cores.

Tão vasto que era possível se perder, caminhando por seus campos.
E podia se escolher entre tomar banho em seus lagos e comer suas frutas.

Ali foram deixados muitos livros, muitas histórias,
Que nunca foram escritos e que nunca foram contadas.

Histórias que roubam seu tempo, perturbam seus pensamentos
Mas no final te dão vontade de vivenciá-las.

Porque tão belo lugar, oculto atrás de parede tão alta?
Que tal qual fronteira em guerra, não permite que se entre nem tolera que se saia?

Ademais, se não se pode entrar nem sair,
Quem ira aparar sua grama, cortar suas ervas daninhas, cuidar de suas flores?

E quem irá, enfim, acreditar que exista tal jardim?
Se aquilo que não se vê, no fundo, não existe?

Era uma vez uma parede alta.
Uma maldita parede alta...



Nenhum comentário:

Postar um comentário