quinta-feira, 4 de julho de 2013

Europa, a lua de gelo

Europa é uma das 67 luas conhecidas de Júpiter. Foi a primeira lua orbitando um outro planeta a ser identificada. Foi descoberta em 1610 pelo astrônomo Galileo Galilei.

Esse notável feito, junto com o mapeamento de mais três luas Jovianas, foi um dos fatores determinantes para validar a teoria de Galileo, de que os planetas do sistema solar giravam em torno do sol, e não da terra como se acreditava. Uma mudança sem paralelos, nos conceitos científicos.

A lua recebeu este nome da mitologia grega. Pela lenda, Zeus, extasiado com a beleza de Europa, filha do rei Agenor, desce a terra no formato de um grande touro branco e a sequestra, levando-a montada em suas costas, através do mar Egeu, até a Ilha de Creta, onde assume seu aspecto verdadeiro e a possui, tendo com ela vários filhos.

O que Galileo não sabia, entretanto, é que atravessar o espaço para chegar à Europa, pode ser, para o século XXI, o que as grandes navegações foram para o século XV.

Assim como os marujos portugueses, que enfrentaram águas desconhecidas em suas pequenas naus de dois mastros, impulsionados pela vontade de encontrar novas terras e riquezas, sua enorme coragem e o espírito explorador inato da espécie humana, o homem se prepara, nos próximos, 20, 30 anos para sua próxima grande e, talvez final, epopéia em busca da vida extraterrestre.

Europa é mais ou menos do tamanho da nossa lua e tem uma órbita estacionária em torno de Júpiter, isto é, a mesma face do astro esta sempre virada para o planeta.

Além disso, a lua está situada a 780 milhões de quilometros do sol e recebe, portanto, pouquíssima radiação solar. sendo composta, basicamente, de um oceano de água salgada,  coberto por uma eterna crosta de gelo.

Água, fonte de energia e calor são essenciais a formação da vida. Já se especulava a existência de seu vasto oceano desde que enviamos a sonda Galileo para explorar Jupiter e suas luas.  A tecnologia da época, entretanto, não permitiu análises mais detalhadas da superfície, sua composição e do interior de Europa.

Estudos mais recentes que utilizam o telescópio espacial Hubble e analises modernas de desvios de luz e gravidade, comprovaram a tese dos oceanos em estado líquido, que conseguem se manter desta forma, pelo forte e constante movimento da maré, influenciada pela gravidade de Júpiter. O movimento das ondas geraria energia e calor.

Agora em Abril, a NASA publicou um novo estudo(http://www.nasa.gov/topics/solarsystem/features/europa20130404.html) em que revela a descoberta de peróxidos na superfície da lua que serviria para fechar a equação "vida unicelular" ou porque não, pluricelular, em Europa.

O planeta tem água, fonte de calor comprovada (Também se especula que, no fundo do oceano, a lua tenha forte atividade vulcânica semelhante a que encontramos nas fossas abissais dos oceanos terrestres, que sustentam um rico ecossistema que não depende da luz solar). Faltava comprovar a existência do manancial químico necessário para a vida.

A água relativamente quente dos oceanos de Europa, protegida da radiação espacial (não existe atmosfera na lua) pela camada de gelo eterno que cobre o astro, tem uma grande chance de abrigar vida.

Os problemas técnicos para uma missão espacial que fosse capaz de pousar e explorar o oceano escondido de Europa são vários. Por outro lado, neste exato momento, temos cientistas de todo o mundo engajados em projetos que buscam soluções para suplantá-las.

O primeiro dos desafios vem do fato que uma astronave demoraria cerca de 5 a 6 anos (com todos os problemas que uma viagem espacial desta duração acarretam no corpo e na mente humana), atravessando ventos solares extremamente radiativos, além do fato que, mesmo na velocidade da luz, comandos da terra a sonda, levariam horas para ser recebidos.

Difícil, mas, com as devidas proporções, são dificuldades semelhantes as que os portugueses enfrentaram ao desafiar o desconhecido Oceano Atlântico, com os parcos conhecimentos científicos da época.

Mais fáctivel nas próximas duas décadas, é mandarmos uma nave não tripulada, que carregaria uma sonda e um submarino e pousaria "as cegas", em um terreno escolhido por suas condições geográficas e também pela espessura da camada de gelo que cobre o mar de Europa.

A sonda seria equipada com uma perfuradeira que emitiria calor, derretendo e penetrando na camada de gelo de quase 15 quilometros, até atingir o oceano. Uma espécie de submarino seria ejetado da sonda, com capacidade para explorar, tirar fotos, analisar materiais e, muito provavelmente, comprovar a existência de vida nas águas salgadas e escuras de Europa.

Seria, uma mudança tão radical de conceitos científicos, filosóficos, sociológicos e, até, religiosos (Não estaríamos mais sozinhos no universo!) como foi a descoberta das Américas pelos navegadores Ibéricos.

Para que isso aconteça, teríamos que mobilizar uma enormidade de recursos. É difícil conceber que só um país consiga arcar com esta empreitada. É mais fácil imaginar uma missão financiada globalmente.

Já se especula que, até 2030, teremos uma sonda em Europa. Missões tripuladas ainda não estão no escopo das grandes agências espaciais. Mas certamente estarão, se for comprovada a existência de vida em Europa.

Espero que eu esteja vivo para ver isso acontecer, um milagre da engenhosidade humana, que nos levaria a fronteira final, a resposta definitiva sobre a existência de vida extraterrestre.

Video que ilustra uma possível viagem espacial a Europa:








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